Nenhum evento esportivo ou cultural é tão discutido entre os brasileiros, inclusive aqueles que de modo geral pouco se interessam por futebol, quanto a Copa do Mundo da Fifa. Isso ficou particularmente evidente há oito anos, quando a competição voltou a ser realizada por aqui e foi precedida por um tour patrocinado pela Coca-Cola — com a presença de ilustres campeões mundiais como Zagallo e Rivellino, que levou a taça às 27 capitais do país. O que mais teria a capacidade de mobilizar multidões em cidades tão distantes e culturalmente distintas entre si quanto São Paulo, Natal, Manaus e Florianópolis?
Por isso o sorteio dos grupos da Copa do Mundo é sempre um momento tão aguardado. Além da curiosidade quanto aos primeiros adversários do Brasil na competição — que este ano será realizada pela primeira vez em um país do Oriente Médio, o Catar —, uma pergunta se impõe: qual será o “grupo da morte”? Desta vez, segundo o jornalista Cayo Pereira do Lance!, este termo não se aplica, mas ainda assim é possível falar sobre o jogo mais aguardado da primeira fase. E este jogo será, sem dúvida, o encontro entre Espanha e Alemanha no dia 27 de novembro, em Al Khor.
Estatísticas, avaliações e prognósticos
O mero fato de esta ser a única partida da fase de grupos envolvendo seleções que já foram campeãs mundiais já seria o bastante para torná-la especial. Mas há outro detalhe: no último duelo entre as duas equipes, em 17 de novembro de 2020, os espanhóis (já sob o comando de seu atual técnico, Luis Enrique) impuseram aos alemães (ainda sob o comando de Joachim Löw) uma goleada por 6 x 0 em Sevilha, em partida válida pela fase de grupos da Liga das Nações 2020–21. Como foi lembrado por Carlos Nogueira em matéria para o jornal português Diário de Notícias, esta foi a pior derrota alemã em jogos oficiais.
Atualmente, porém, pode-se dizer que há equilíbrio. No ranking da Fifa do último dia 31 de março, os espanhóis estavam em 7.º lugar, e os alemães em 12.º. Já no último dia 10 de maio, o site Transfermarkt avaliava o elenco da Espanha como o quarto em valor de mercado entre os 32 do próximo Mundial (783,50 milhões de euros), e o da Alemanha como o sexto (740,50 milhões de euros). Por fim, também em 10 de maio, o site de futebol bets Betway oferecia um retorno de 2,50 (probabilidade de 40%) pela vitória espanhola e um retorno de 2,70 (probabilidade de 37%) pela vitória alemã no Catar.
Os momentos das duas seleções
A Espanha conquistou a sua única Copa do Mundo em 2010, mas apresentou campanhas decepcionantes nos dois mundiais seguintes: em 2014 foi eliminada na primeira fase, e em 2018 nas oitavas de final (ainda que nos pênaltis, pela Rússia). Luis Enrique assumiu como técnico em novembro de 2019, e desde então Sergio Busquets tornou-se o último remanescente da geração de 12 anos atrás. Agora, as principais esperanças da 'Furia Roja' são jovens como Pedri e Ferran Torres. Cabe mencionar também Thiago Alcântara, filho do campeão mundial de 1994 Mazinho, o qual muitos brasileiros gostariam que tivesse escolhido defender a mesma seleção que o pai.
Há cerca de 20 anos, a Alemanha deu início a um processo de renovação que culminou com o tetracampeonato mundial em 2014 e com o vice-campeonato nos Jogos Olímpicos de 2016. Na Copa do Mundo de 2018, no entanto, a equipe terminou em último lugar em seu grupo. Dois anos depois, a já mencionada goleada para a Espanha foi o sinal de que era necessária outra renovação, e foi então que em julho de 2021 Hansi Flick se tornou técnico do 'Die Mannschaft'. O goleiro Manuel Neuer é o principal remanescente de 2014, e nos últimos anos viu-se a ascensão de astros como Kai Havertz e Joshua Kimmich.
O que espera espanhóis e alemães até o Catar
Faltam cerca de seis meses para a próxima Copa do Mundo, e tanto espanhóis quanto alemães terão seis compromissos até lá — todos pela fase de grupos da Liga das Nações 2022–23. Entre junho e setembro a Espanha jogará duas vezes contra Portugal, Suíça e Tchéquia, e a Alemanha enfrentará duas vezes Itália, Inglaterra e Hungria. Estas serão as últimas oportunidades para Luis Enrique e Hansi Flick realizarem os testes e ajustes que julgarem necessários para chegar ao Catar na melhor forma possível. E isso para o bem tanto de suas respectivas seleções quanto dos fãs de futebol, que desde já aguardam ansiosamente por esse duelo.
