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Estado oferece novo serviço de atenção especializada à criança em situação de violência
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Coordenadora do Savi destaca que os profissionais do HIP estão sendo capacitados para identificar casos de violência | Heitor Iglesias
Coordenadora do Savi destaca que os profissionais do HIP estão sendo capacitados para identificar casos de violência

Um estudo das Nações Unidas sobre a violência contra crianças mostra que esta acontece em todos os países do mundo e está presente em todas as culturas, faixas etárias e no seio familiar. As estatísticas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Brasil apontam que a cada dia, em média, 129 casos de violência são reportados ao Disque 100, lembrando que muitos desses casos nunca chegam a ser denunciados.

A violência infantil na maioria das vezes gera traumas físicos e psicológicos que refletem durante a vida toda. Por serem vulneráveis, as crianças são especialmente afetadas pela violência, de qualquer natureza (física, psicológica, sexual ou negligência) e se tornam alvos fáceis para possíveis agressores. Muitas não sabem como agir, como se expressar e muito raramente sabem se defender. Para essas crianças é necessário um atendimento especializado, levando em consideração cada tipo de agressão.

No Tocantins, as crianças de 0 a 11 anos, 11 meses e 29 dias que sofrem ou já sofreram algum tipo de violência agora poderão ser encaminhadas para um serviço de referência disponível no Hospital Infantil de Palmas (HIP). O Serviço de Atenção Especializada à Criança em Situação de Violência (Savi) conta com uma equipe multiprofissional composta por médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e farmacêuticos capacitados para atender às crianças em variadas situações, seja de violência, física, psicológica, sexual e/ou negligência/maus tratos.

Segundo Rosivânia Tosta, coordenadora do serviço no Hospital Infantil, os demais profissionais da unidade foram capacitados para identificar casos suspeitos e fazer o encaminhamento ao Savi. “Muitas vezes, dentro do próprio hospital, os profissionais identificam situações de violência entre as crianças internadas, por isso a necessidade de todos estarem capacitados e atentos. Mais de 300 servidores já foram capacitados. À medida que a população for conhecendo o serviço, teremos mais possibilidades de romper o ciclo de violência na vida de muitas crianças”, destacou.

Ainda segundo a coordenadora, nos casos de violência sexual, a criança necessita ser conduzida com a maior urgência possível ao Savi para atendimento e medicação profilática para impedir a contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). O serviço realiza acompanhamento através de exames laboratoriais, por no mínimo seis meses, para atestar a eficácia da profilaxia e afastar a possibilidade de contaminação.

Tipos de violência

A coordenadora do Savi destacou que a violência física costuma ser praticada por pais, responsáveis, familiares ou pessoas próximas à criança e se caracteriza por meio de tapas, beliscões, chutes, espancamentos e outros tipos de castigos corporais, que podem resultar em lesões e até levar ao óbito. A violência psicológica é toda ação que coloca em risco ou causa dano à autoestima, à identidade e ao desenvolvimento emocional da criança; já a negligência é toda forma de omissão dos adultos ao deixar de prover as necessidades básicas para o desenvolvimento físico, emocional e social das crianças. A violência sexual abrange relações homo ou heterossexuais e pode ocorrer na forma de jogos sexuais, carícias, assédio e exploração sexual, exposição da criança a conteúdos pornográficos, até o ato sexual. Geralmente, esse tipo de violência está acompanhado por violência física, psicológica e negligência, produzindo sequelas físicas e psíquicas.

Dados do Serviço de Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual (Savis) do Hospital e Maternidade Dona Regina, apontam que de janeiro a outubro deste ano, 186 casos de violência sexual foram registrados, sendo que em aproximadamente 70% desses casos as vítimas são crianças e adolescentes.

Atendimento

A equipe do Savi realiza o acolhimento e o atendimento, providencia os encaminhamentos para exames e medicação de acordo com as necessidades e especificidades de cada caso, conforme as diretrizes e legislações vigentes, realiza a notificação, seguida do acompanhamento ambulatorial e acessa a Rede de Atenção, composta por serviços do Conselho Tutelar, Delegacia da Criança e do Adolescente, Instituto Médico Legal, dentre outros que se fizerem necessários.

O Savi oferece atendimento aos casos de violência aguda e crônica. A violência na forma aguda trata-se de episódios súbitos e a crônica de casos de maior duração, como os de crianças que sofrem abusos recorrentes ou que sofreram no passado, às quais são oferecidos também atendimento médico, psicossocial e ambulatorial.

O serviço funciona todos os dias, das 7 às 19 horas e as notificações feitas são enviadas ao banco de dados doSistema de Informação de Agravos de Notificação  (Sinan) e ao Conselho Tutelar.

Simpósio Impactos da Violência na Infância

Com o objetivo de promover uma ampla discussão sobre os diversos tipos de violência em uma perspectiva interdisciplinar, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) realiza o II Simpósio Impactos da Violência na Infância nos dias 03 e 04 de dezembro, no auditório da Universidade Estado do Tocantins (Unitins), em Palmas.

Na ocasião serão debatidos os impactos causados por esses agravos no processo de formação e desenvolvimento das crianças e a necessidade de fortalecimento das políticas públicas, mediante articulação entre os integrantes da rede de atenção e cuidado.

O evento é aberto ao público em geral e para participar os interessados devem fazer a inscrição que está disponível no site da Sesau.

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