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Agricultores familiares e comunidades tradicionais do Estado são beneficiados com sistemas de agrobiodiversidade
O pesquisador e professor Gentil Cavalheiro faz pesquisas na análise de sementes e técnicas de manejo para os pequenos agricultores
O pesquisador e professor Gentil Cavalheiro faz pesquisas na análise de sementes e técnicas de manejo para os pequenos agricultores

Indígenas, produtores rurais e vários representantes de comunidades tradicionais do Tocantins, dentre ribeirinhas e quilombolas, utilizam os métodos de integração da agricultura e sustentabilidade, por meio da agrobiodiversidade, em sistemas de produções familiares. O modelo visa incentivar a produção de matéria-prima para alimentação humana e animal através da relação entre as diferentes atividades agrícolas.

O Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins) tem ampliado cada vez mais o incentivo à agrobiodiversidade no Estado, como explica o extensionista rural do órgão, Felismino Coelho Alves. “Agrobiodiversidade é tudo aquilo que convive no nosso meio, todo mundo tem um modelo de ver a floresta. Quem é educado para derrubar, vê a floresta como algo horrível, mas as pessoas que convivem com a floresta e são educadas sabendo que precisam dela e vice-versa têm outro conceito de agrobiodiversidade. Estamos mostrando para os agricultores tudo que eles podem aproveitar dentro do que há disponível, sem precisar trazer estímulos externos, ele pode aproveitar desde as frutas nativas, o ambiente que ele está para produzir”, disse.

Segundo o técnico, a intenção é a convivência harmônica e saudável para extrair os recursos naturais do cerrado. “Temos que mostrar para a sociedade, a importância desses meios para alimentação e sobrevivência desses povos, e o principal: produzir em harmonia com a natureza”, disse, ao citar a diversidade do Estado. Através da agrobiodiversidade, os produtores e comunidades tradicionais valorizam os ecossistemas naturais, recompõem os já modificados com uso de sistemas de produção agrícola e de extrativismo florestal.

Na prática, uma das alternativas é trabalhar com sistemas agroflorestais para tentar produzir todas as culturas. “Estamos mostrando como trabalhar com sistemas agroflorestais e potencializar com o que já existe. Temos produtores que não usam mais defensivos agrícolas, nem insumos vindos de fora e isso dá retorno não só financeiro, mas de saúde, para o agricultor. Além de produzir, ele está colocando, na mesa do tocantinense, alimentos saudáveis”, relatou. A agricultura sustentável contribui ainda para a permanência do homem no campo, através do aprimoramento das técnicas.

Para o líder indígena Sitbro Xerente, da Aldeia Sucupira, em Tocantínia, onde todas as famílias sobrevivem da agricultura familiar, a agrobiodiversidade fez a diferença, principalmente no que diz respeito ao aproveitamento das plantas medicinais. “Têm muitas coisas que temos na comunidade e muitas vezes não sabemos como usar, como as plantas medicinais, por exemplo”, disse. Ele contou que planta milho, mandioca e até fava.

Valdivino Marques, 55 anos, é produtor da comunidade Matinha, em Guaraí, e afirma que a agrobiodiversidade é importante para o manejo das culturas e produção. “Diante da luta que a gente enfrenta, esse modelo enriquece muito, pois estamos aproveitando para fazer receitas a combater pragas e doenças. Produzimos hortaliças, banana e outras. Nós aprendemos a trabalhar a terra respeitando as leis ambientais, e a extrair tudo que a natureza nos dá, sabendo que temos que respeitá-la”, falou. Ele citou que aprendeu com a agrobiodiversidade as propriedades do ninho, usado como planta medicinal. A produção da comunidade, segundo ele, é comercializada em 12 municípios.

O modelo de sustentabilidade através da biodiversidade chegou até as comunidades quilombolas do Estado. Maria Aparecida Ribeiro, do Povoado Prata, na região do Jalapão, afirma que as noções de agrobiodiversidade auxiliam as mais de 70 famílias que sobrevivem da agricultura de subsistência. “Nós vivemos isso na comunidade e utilizamos para a plantação de laranja, mandioca. Tudo o que produzimos para a subsistência da nossa comunidade, nós lidamos com a sustentabilidade”, avaliou.

O pesquisador e professor Gentil Cavalheiro faz pesquisas na análise de sementes e técnicas de manejo para os pequenos agricultores. Segundo ele, esse acompanhamento e estudo acadêmico são importantes para estudar as espécies e evitar perdas da diversidade dos materiais genéticos, o que compromete os sistemas agrícolas sustentáveis. “É importante para manter um banco genético para pesquisa, para ter materiais e manter um grupo de genes que é importante para manter as espécies e os tipos de cultura”, disse. (Secom-TO)

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